Os fãs de Marrakech têm mais um bom motivo para sempre visitar a cidade. Abriu por lá, há pouco mais de um mês, o Museu Yves Saint Laurent Marrakech (site oficial aqui).
Nascido na Argélia, em 1936, Saint Laurent foi um dos grandes gênios da alta costura francesa. Começou trabalhando com o mestre Christian Dior, quando tinha apenas 17 anos — e foi o principal assistente dele até a sua morte, em 1957. Na época com 21 anos, Saint Laurent foi alçado, então, ao posto de diretor criativo da maison Dior!
Porém, já em 1962, aos 25 anos, o estilista decidiu abrir sua própria grife. Dali por diante, criaria muitos sucessos, como o smoking feminino, o vestido Mondrian e a saharienne (também conhecida no Brasil como jaqueta safári).
A PAIXÃO POR MARRAKECH
Em 1966, Yves Saint Laurent fez sua primeira visita ao Marrocos e ficou encantado com o colorido de Marrakech. A experiência foi tão marcante que ele chegou a declarar: “Antes de Marrakech, tudo era preto. Marrakech me ensinou a usar a cor.” E mudanças vieram. Paris continuaria a ser seu local de criação, mas a inspiração, ele dizia, vinha de Marrakech.
O lugar que conquistou o coração do estilista foi o Jardim Majorelle, criado nos anos 1930 e 1940 pelo pintor francês Jacques Majorelle. A imensa propriedade, com mais de 300 espécies de plantas dos cinco continentes, além de lagos e fontes, era para Saint Laurent como um oásis no meio do deserto.
A paixão era tanta que, em 1980, o estilista e seu sócio (e ex-companheiro) Pierre Bergé decidiram comprar o Jardim Majorelle. A partir de então, Saint Laurent passaria longas temporadas na propriedade anexa, que ele batizou de Villa Oasis.
COMO SURGIU O MUSEU YVES SAINT LAURENT
Em 2010, dois anos após a morte de Yves Saint Laurent, Pierre Bergé organizou uma grande retrospectiva com suas criações em Marrakech — e, na ocasião, a princesa-consorte do Marrocos, Lalla Salma, rebatizou a rua do Jardim Majorelle como Rua Yves Saint Laurent. O sucesso da exposição foi tão grande que Pierre Bergé decidiu que Marrakech merecia ter um Museu Yves Saint Laurent.
O projeto do prédio foi feito pelo escritório francês Studio KO. A fachada de tijolinhos terracota traz movimentos que remetem às tramas de um tecido. No interior, algumas das salas da exposição permanente apresentam paredes pretas contra as quais as cores das roupas de Yves Saint Laurent vibram com intensidade.
ACERVO DE MAIS DE 20 MIL ITENS
O estilista costumava dizer que “uma boa roupa é um passaporte para a felicidade”. Consciencioso da beleza de suas criações, ele começou, ainda em 1964, a fazer um arquivo de tudo o que saía de sua prancheta, de croquis a protótipos das peças. E mais: joias, sapatos, luvas, chapéus. E ainda: fotos, matérias publicadas em jornais e revistas, vídeos de desfiles, caderninhos de anotações sobre clientes importantes…
Tudo isso compõe o acervo da Fundação Pierre Bergé–Yves Saint Laurent, que contabiliza 5 mil peças de roupas e 15 mil acessórios de alta costura. Para o museu de Marrakech foram mandados 4 mil itens, com boa parte deles em exposição. Recentemente, também foi aberto, em Paris, um outro Museu Yves Saint Laurent (site oficial aqui), que abriga o restante da coleção.
O Museu Yves Saint Laurent de Marrakech tem ainda salas para exposições temporárias, biblioteca com mais de 5 mil livros, livraria, café e auditório para 150 pessoas. Funciona de quinta a terça, das 10h às 18h, e o ingresso custa 100 dirhams marroquinhos, o equivalente a 10 dólares.
O endereço, é claro, não poderia ser outro: fica na Rua Yves Saint Laurent, a poucos metros do Jardim Majorelle, que até hoje pertence à Fundação Pierre Bergé–Yves Saint Laurent. Aliás, vale a pena visitá-lo também.
Se você é fã do Marrocos como eu, vai gostar do sensacional hotel Royal Mansour, também em Marrakech, onde já me hospedei. Clique para ler mais aqui e aqui.
Fotos: divulgação