O Carioca NoMundo foi convidado pelo grupo Air France/KLM para experimentar o B777-200 da Air France (site aqui), voando entre o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, e o RIOGaleão, no Rio de Janeiro. Atualmente, a Air France tem dez voos semanais entre as duas cidade. Sete destes voos são feitos com o B777-300 e três com o B777-200, que tem a configuração da business class dentro do projeto Best & Beyond. Traduzindo: são as poltronas mais novas e confortáveis da Air France. O B777-200 da Air France voa entre Paris e o Rio às quartas, sextas e domingos. Sai de lá pela manhã e chega aqui no início da noite. No sentido inverso, a saída do Rio é noturna, com aterrissagem em Paris no dia seguinte. A seguir, o trip report do nosso editor-chefe, o jornalista Marcelo Camacho.
VOANDO NA EXECUTIVA DO B777-200 DA AIR FRANCE, DE PARIS PARA O RIO DE JANEIRO
COMPANHIA AÉREA: AIR FRANCE
VOO: AF0462
AERONAVE: Boeing 777-200
ASSENTO: 6A (Business Class)
ROTA: De Paris (CDG) para o Rio de Janeiro (GIG)
DATA: 2 de dezembro de 2018
SAÍDA (prevista): 10h25
CHEGADA (prevista): 18h55
DURAÇÃO DO VOO (prevista): 11 horas e 30 minutos
A CABINE DO B777-200 DA AIR FRANCE
A cabine da business class do B777-200 da Air France tem 28 assentos numa configuração 1-2-1. São, ao todo, sete fileiras na parte dianteira do avião, localizadas entre as duas primeiras galleys do B777-200.
Trata-se de um configuração relativamente nova (de apenas alguns anos para cá), dentro do conceito Best & Beyond da Air France, que vem substituindo outra versão da cabine, que tinha/tem, na executiva, a configuração 2-3-2.
Portanto, neste 777-200, todas as poltronas têm acesso direto ao corredor, sem que um passageiro precise incomodar o outro caso necessite se levantar. É mais espaço e mais conforto!
O design da cabine é o chamado “espinha de peixe”, com as poltronas inclinadas paras as laterais, garantindo mais privacidade a cada passageiro.
Quem se senta nas janelas, viaja sozinho, olhando para o lado de fora do avião. Já quem vai nos assentos do meio tem a possibilidade — ou não — de manter algum contato com a pessoa viajando ao seu lado.
É que, no embarque, estas poltronas surgem equipadas com uma divisória, que pode ser retirada manualmente pela tripulação — ou pelos próprios passageiros, pois é bem fácil — garantindo maior contato entre os dois assentos.
Retirei, eu mesmo, a divisória das poltronas do meio da fileira 7 do meu voo, antes da chegada dos seus ocupantes, para ilustrar como ficam esses assentos nas duas situações. Veja as fotos a seguir.
A título de curiosidade, o B777-200 da Air France, tem, no total, 312 lugares. Além dos 28 da executiva, há 24 assentos na premium economy e 260 na econômica.
Segundo a Air France, na premium economy, a reclinação da poltrona é de 123 graus, com 97 centímetros de distância entre um assento e outro.
O MEU ASSENTO NO B777-200 DA AIR FRANCE
Neste voo Paris-Rio, viajei na janela do lado esquerdo do avião, na poltrona 6A. Geralmente, prefiro me sentar na frente do avião, para pegar o serviço de bordo bem “fresco”, mas, desta vez, como se tratava de um voo diurno, ao escolher uma poltrona mais atrás, eu poderia obter boas imagens da asa e do motor do B777-200 durante a viagem.
Repare, na imagem acima, que o assento 6A vem com duas janelas, ao passo que o 7A, só tem uma — e ela fica quase escondida atrás do armário. Portanto, para ver a asa e o motor, o ideal é mesmo o 6A.
No embarque, o passageiro encontra a poltrona com travesseiro (grande e fofo), manta embalada em saco plástico, um pack com pantufas, meias e protetores higiênicos para o fone de ouvido, além de um cabide, que já vem identificado com o número do seu assento.
As poltronas do B777-200 da Air France foram desenvolvidas pelo designer Mark Collins, da consultoria suíça especializada em aviação Design Investment, com o conceito de 3 Fs.
“Full flat bed”, ou seja, a cama com reclinação a 180 graus, “full access”, por causa do acesso direto ao corredor, e “full privacy”, porque, afinal, com a poltrona inclinada para a lateral, a gente realmente fica com mais privacidade durante o voo.
Essa privacidade, porém, seria ainda maior, se a estrutura curvilínea que envolve o encosto da poltrona fosse mais extensa. Na foto acima, dá para ver o espaço e perceber que, com a cabeça encostada, basta um leve movimento para que você veja quem está ao seu lado no corredor.
Fiz uma foto, abaixo, do passageiro que viajava na 6E para ilustrar. Eu podia vê-lo facilmente! E ele a mim!
A poltrona possui um apoio para o braço na lateral, que pode ser levantado ao apertar de um botão — mas nunca durante a decolagem e o pouso, por questões de segurança.
Falando nisso, o cinto de segurança do B777-200 vem equipado com airbags, o que faz com que ele seja bojudo e pesado. Porém, é importante, sempre mantê-lo afivelado durante o voo.
Na poltrona 6A, o acabamento em couro do meu cinto estava rasgado, o que dava a ele um aspecto um tanto feio.
Com uma trena, medi a largura do meu assento, apenas a parte estofada, onde a gente realmente se senta. Deu incríveis 56 centímetros!
No quesito “full flat bed”, o assento da executiva do B777-200 da Air France não decepciona nem um pouco! Quando a reclinação a 180 graus é acionada, a poltrona emenda com o descanso para os pés proporcionando uma bela cama com 1,96 metro de comprimento!
EXPLORANDO AS FACILIDADES DA POLTRONA DA EXECUTIVA DO B777-200 DA AIR FRANCE
Vou falar primeiro sobre a tela da TV, que tem 16 polegadas (na premium economy, são 12 polegadas, e na econômica, 10) . Quando o passageiro chega ao seu assento, o monitor está recolhido. Para soltá-lo, basta pressionar o botão inferior cinza, onde está escrito “push” (empurrar).
Quando a tela se move na direção do passageiro — e ela vem rápido! — não há o menor risco de ela derrubar um copo, por exemplo, que esteja apoiado no console lateral. Há espaço de sobra! Aliás, esse console é bastante espaçoso, ideal para viagens longas, em que a gente vai espalhando várias coisas ao nosso redor.
Mais para a frente, falarei sobre o entretenimento de bordo.
No alto da estrutura onde a tela está fixada, tem um outro botão, com o desenho de um cabide. É, em tese, onde o passageiro poderá pendurar um casaco ou bolsa, mas está longe de ser o lugar ideal porque é muito perto da TV.
Fora que, a essa altura, o seu casaco já foi guardado pela comissária em um armário, com o seu cabide numerado.
O acionamento da luz de leitura individual é bem intuitivo. Basta empurrar o botão para que a pequena luminária se mova, acendendo a luz de led na sua parte externa. Como fiz um voo diurno, não deu para verificar o quão potente é a iluminação, já que a cabine não chegou a ficar escura.
Há também uma luz de leitura, mais forte, no teto. Para acendê-la é um pouco menos intuitivo. Seu acionamento é feito por um pequenino botão na tela do controle de mão.
O armário lateral é bem maior que um porta-trecos comum. Cabe até uma pequena mochila — ou bolsa — dentro dele.
Vem equipado com um espelho, uma trama elástica, onde é possível fixar pequenos objetos, como fiz com o meu passaporte, numa das fotos acima, e o fone de ouvido.
E, aqui, uma novidade para mim. O fone de três pinos com a marca da Air France, já vem plugado no sistema de som, dentro do armário mesmo. Que ideia boa! Quantas vezes a gente não fica meio perdido procurando onde conectar o fone de ouvido, né? Pois a executiva da Air France acabou com esse problema!
Para retirar a mesa do console não há dificuldade alguma. Ela é leve e permite movimentos fáceis. Consegui puxá-la apenas com a força do dedo indicador. Como ela vem dobrada, basta virar a tampa para que se revele uma mesa bastante grande.
Uma desvantagem, porém, é que ela, depois de aberta, permanece fixa, sem que você possa trazê-la para perto na hora de comer.
Mas então é preciso comer longe da mesinha? Não! Pois o controle da poltrona permite que ela deslize para a frente e para trás a partir de leves toques no painel, que é bastante intuitivo. Assim, não é a mesa que vem até você — é você que vai até a mesa.
O espaço do descanso para os pés é enorme. Usei minha trena para medi-lo e deu 63 centímetros de largura. Fora a profundidade e a altura. Tanto que, mesmo ainda usando sapatos (eu calço 43), havia espaço de sobra.
Neste apoio, há um aviso por escrito de que nada deve ser armazenado embaixo dele. E nem há lugar para isso. Tentei botar lá meus sapatos e eles não couberam, como dá para ver numa das imagens acima.
As facilidades da poltrona se completam com uma entrada USB e uma tomada universal — só que um tanto escondidas, embaixo da mesinha. Ali do lado, fica o bolsão com a revista da Air France e o cartão com as instruções de segurança, além de um nicho com uma garrafinha d’água.
Não costumo dormir em voos diurnos, mas preparei a cama para tirar essa foto acima e achei tão convidativa que acabei tirando uma soneca de quase três horas!
As janelas do B777-200 têm um bom tamanho, com 33 centímetros de altura e 26 centímetros de largura (sim, usei minha trena para medir). As persianas são tradicionais, com acionamento manual.
Aproveito para compartilhar, aqui nesta parte do post, duas imagens que fiz sobrevoando Málaga, na Espanha, e a região de Agadir, no Marrocos.
TODAS AS ETAPAS DO SERVIÇO DE BORDO DA AIR FRANCE
O serviço de bordo da executiva da Air France começou logo após o embarque, no Aeroporto Charles de Gaulle, pouco antes da 10h da manhã, ainda com o B777-200 no solo. Uma comissária ofereceu champanhe e água e eu escolhi o champanhe, apenas para fazer a foto acima. Nada de beber antes do meio-dia!
O champanhe servido pela Air France neste voo foi o Joseph Perrier Cuvée Royale Brut, feito com uvas chardonnay, pinot noir e pinot meunier.
Na sequência, com o avião ainda no solo, foi trazida a nécessaire (daqui a pouco, eu mostro). Não me foram oferecidos jornais ou revistas, mas havia um compartimento na parede, no fim da cabine da executiva, com algumas opções de leitura. Ainda antes da decolagem, veio também uma toalhinha quente.
Já com o avião no ar, uma comissária trouxe o cardápio do almoço e anotou o meu pedido. Foi também quando me perguntaram o que eu gostaria de beber.
Escolhi um vinho branco, o chardonnay Pouilly Fuissé 2014. Ele me foi trazido já no copo, sobre uma bandeja e, infelizmente, não estava gelado. Mas era bom!
Não demorou muito e veio a primeira etapa do almoço, um aperitivo de vieira defumada com purê de cherívia aromatizado com baunilha. Foi servido com uma minúscula colher de plástico e estava bem gostoso. Junto, veio ainda um mix de amendoins e damascos.
A Air France está comemorando 85 anos de história — e essa data vem orgulhosamente estampada na capa do cardápio do almoço da executiva.
Todas as refeições, na data do meu voo, levavam a assinatura do chef francês com três estrelas Michelin Regis Marcon, que tem um restaurante em Saint-Bonnet-Le-Froid, na região próxima a Lyon.
A parte do cardápio que mostra as bebidas, como drinques, cervejas, cafés e chás vem em dois idiomas: inglês e francês.
Depois, numa sequência de seis páginas, as opções do almoço são apresentadas em inglês, depois francês e, por fim, português.
A seção do cardápio que traz os vinhos foi elaborada pelo sommelier Paolo Basso e por Michel Bettane e Thierry Desseauve, autores de um guia de vinhos. Naturalmente, todos os vinhos elencados por eles são franceses.
Ao meio-dia, portanto, uma hora e meia depois da decolagem, o almoço foi servido. A “entrada gourmet” consistia de foie gras e salmão defumado com creme de estragão, além de uma pequena salada de folhas. Estava tudo ótimo!
Também trouxeram pão, manteiga lindamente embalada como se fosse uma bala e uma bandeja com queijos de cabra e Cantal.
Para beber, pedi um vinho branco da região de Languedoc, que também estava quente, por isso solicitei uma pedra de gelo. Não foi um vinho que me empolgou.
Como refeição principal, havia, entre as opções, uma paleta de cordeiro, uma coxa de frango e um risoto de cogumelos. Mas fiquei com os camarões e lulas com lentilhas e mini cebolas. Além de lindo, o prato estava uma delícia.
Os queijos já haviam sido servidos junto com as entradas. E eu não resisto a um queijo, então, já comi tudo junto. Após o prato principal, só me restava esperar pela sobremesa. Pedi duas! Um doce de chocolate com caramelo, que estava bem crocante e o ótimo sorbet de framboesa, lindamente servido em formato de flor e com uma consistência maravilhosa.
Para acompanhar, resolvi experimentar o Cognac Tesseron lot 90 “XO Selection”, servido numa dose para lá de generosa e que eu não consegui beber até o final, pois o achei muito forte.
Depois de dormir um pouco, eu ainda nem estava com fome novamente, mas resolvi pedir o que no cardápio aparece como tira-gosto quente para ser provado em qualquer momento do voo.
Apertei o botão de chamar a tripulação e rapidamente apareceu um comissário. Disse que queria provar os mini-hambúrgueres. “Um?”, ele perguntou, dando a entender, na entonação da voz, que “um” seria uma quantidade ok para ser pedida.
Respondi que queria dois, um de cada sabor: salmão e frango com cheddar. Mas confesso que fiquei com medo de serem muito grandes… Dez minutos depois chegaram os mini-hambúrgueres. Por sorte, eu realmente não estava com fome porque eles eram bem pequenos!
Faltando pouco mais de uma hora para a aterrisagem no Rio de Janeiro foi servido o segundo serviço de refeições. De entrada, camarão com creme de atum — e havia três opções de prato principal.
A primeira era um frango com molho de cogumelos, arroz e purê de berinjela. A outra era uma sopa fria de aipo. E, por fim, uma paleta bovina com batatas.
Já escrevi antes, aqui no blog, que uma das razões de eu preferir me sentar nas primeiras fileiras do avião é que dificilmente algum item estará em falta na hora em que eu for ser servido. Já quem senta mais lá atrás…
Pois quando chegou a minha vez, sentado na 6A, de escolher esta última refeição, a paleta bovina, que era o que eu queria, já havia acabado. E a comissária avisou que agora só tinha sopa… Mas o que ela botou na minha bandeja foi um risoto.
Fiquei surpreso com aquilo e perguntei novamente o que era. Ela olhou para a comida e, um tanto embaraçada, reafirmou que era uma sopa! Bom, só posso dizer que o risoto até que estava bom!
Para beber, um Châteauneuf-du-Pape Reine Jeanne 2015, meu vinho favorito neste voo.
A NÉCESSAIRE DA CLASSE EXECUTIVA DA AIR FRANCE
Na hora em que a nécessaire foi distribuída, ainda com o avião no solo, em Paris, pedi à comissária para tirar uma foto das duas opções, a feminina, mais para o vermelho, e a masculina, roxa. Ambas vinham embaladas em um saco plástico.
A bolsa é em uma espécie de tecido emborrachado, com o logo da Air France no canto inferior direito. Dentro, os produtos de sempre, como máscara de dormir, caneta e kit dental, além protetor labial e creme hidratante da marca francesa Clarins.
De mais diferente, havia um lenço para limpar os óculos (ou a tela do celular) e um sachê com um tipo de álcool gel. Vale lembrar que as meias vieram no kit das pantufas.
O ENTRETENIMENTO DE BORDO DA AIR FRANCE
Como de costume, o primeiro contato do passageiro com o sistema de entretenimento de bordo é quando começa, ainda em solo, o vídeo com os avisos de segurança.
O da Air France se vale da estreita relação que os franceses têm com a moda para, com um certo humor, passar as mensagens de apertar o cinto de segurança e as instruções de uso da máscara de oxigênio e do colete salva-vidas.
O vídeo é apresentado em inglês e em francês, com legendas nestas duas línguas.
No sistema de entretenimento de bordo, que é todo touchscreen, em tela de 16 polegadas, há 12 opções de idiomas. E, a cada 30 dias, a Air France adiciona novidades ao menu de filmes. Tem bastante produções francesas, então, é a sua chance de ficar atualizado com o cinema de lá. Porém, a maioria destes títulos só traz legendas em inglês.
Uma curiosidade é que, assim que você acessa o menu de filmes, passa uma espécie de trailer com os lançamentos mais recentes, o que é bem legal. Outra coisa é que, antes de cada filme, são exibidos anúncios de marcas como Chaumet e Jaguar, o que já não é legal. É possível também assinalar um filme como favorito e facilmente voltar a ele mais tarde.
Mais para o fim da viagem, resolvi assistir à animação clássica da Disney Branca de Neve e Os Sete Anões (pois é, eu nunca tinha visto!). Logo surgiu na tela, um mostrador dizendo que o filme tinha 74 minutos de duração e que faltava pouco mais de duas horas para a minha chegada no destino final. Ou seja, dava tempo de ver o filme todo! Só que o filme não acabou aos 74 minutos — tinha uns 10 minutos a mais. Mesmo assim deu tempo!
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O VOO NA EXECUTIVA DO B777-200 DA AIR FRANCE
De uma maneira geral, a tripulação da Air France foi bastante atenciosa e gentil. Mas também um pouco impessoal. Foram todos muito corretos e o serviço transcorreu bem, mas nada que me fizesse sentir um passageiro “especial”.
A parte gastronômica é realmente um dos destaques da Air France. Tudo estava bom! Apenas os vinhos brancos é que poderiam ter sido servidos gelados.
Os banheiros da executiva do B777-200 da Air France são iguaizinhos aos da classe econômica, o que não deixa de causar uma certa decepção.
Já a suíte da business, em compensação, é enorme, com espaço suficiente para os pés, mesmo na posição full flat bed. A mesinha, o armário e o console lateral também são bem grandes. Conforto não falta!
Não há wi-fi neste voo, o que para mim não foi um problema, mas, hoje em dia, tem pessoas que não conseguem passar sem!
A pontualidade da Air France foi exemplar. Saímos de Paris e chegamos no Rio de Janeiro nos horários previstos — sem qualquer tipo de estresse.