Já pensou em fazer turismo na Namíbia? O país africano estava há um tempão no topo da lista de lugares que eu ainda queria conhecer. Até que, em abril deste ano, fui até lá matar a curiosidade. Neste post, divido com vocês as minhas melhores experiências nessa viagem inesquecível.
PARA SABER ANTES DE IR
Para começar: fazer turismo na Namíbia é bastante seguro. Afinal, trata-se de uma nação democrática que goza de um dos menores índices de corrupção de toda a África, juntamente com Botswana.
A Namíbia foi colonizada pelos alemães, que deixaram um belo legado de organização e educação. A maioria das pessoas é poliglota. Todos falam inglês e africâner, além de outros idiomas, como o alemão.
A população de 2,4 milhões de habitantes é pequena em relação ao território do país, que é quase do tamanho da Venezuela. A maior concentração de pessoas está na capital, Windhoek, com 230 mil moradores.
A limpeza das ruas de Windhoek chama a atenção de quem faz turismo na Namíbia. Foi, aliás, o que levou o ex-presidente Lula a cometer uma das maiores gafes diplomáticas de sua carreira, durante uma visita ao país, em 2003.
“Quem chega a Windhoek não parece que está num país africano. Acho que poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta cidade”, disse ele. A frase infeliz reflete a desinformação e o preconceito, não só de Lula, mas de muitas pessoas que não têm ideia alguma sobre o país.

DESBRAVANDO A NAMÍBIA DE AVIÃO
Resolvi minha viagem de última hora e contei com a ajuda de um especialista em turismo na Namíbia, André Laget, que dirige a Akilanga, uma super agência focada em roteiros pela África. Recomendo!
Eu tinha 11 dias para ver o melhor da Namíbia. Como o tempo era curto para as longas distâncias a serem percorridas, a melhor solução foi me deslocar de avião.
Muitos aeroportos ao redor do país são simples pistas de pouso, que atendem a pequenos lodges de uma determinada localidade. Voos regulares são raros.
As opções são: táxi aéreo (compartilhado com outros passageiros) ou voos privados, que garantem ao visitante mais flexibilidade de horários.
A diferença de preço entre os dois não era gigante. Resolvi, então, seguir os conselhos do André e me aventurar em um Cessna 200 fretado para os meus dias de turismo na Namíbia. Foram cinco voos incríveis, todos com o mesmo piloto e na mesma aeronave.

Viajei pela South African Airways de São Paulo a Johaneburgo, onde fiz uma rápida conexão para Windhoek. Assim que desembarquei no aeroporto internacional da capital da Namíbia, o piloto Max e seu Cessna 200, da companhia Bush Bird, já estavam à minha espera.
(Para ver minha experiência na classe executiva da South African, entre São Paulo e Joanesburgo, clique aqui).
(Para ver minha experiência sobrevoando a Namíbia no Cessna 200, clique aqui).
Se você for um marinheiro de primeira viagem, assim como eu, é bom saber que monomotores não carregam malas grandes. Leve poucas roupas e bagagem tipo “saco”, que se acomodam com mais facilidade no pequeno bagageiro da aeronave. Outro detalhe importante: os lodges e camps oferecem lavanderia incluída na diária, então, menos é mais. Mesmo!
A REGIÃO DE ERONGO
Parti do aeroporto de Windhoek rumo à região de Erongo. Assim que pousei no pequeno aeroporto de UIS, um 4×4 do Sorris Sorris Lodge já estava à minha espera. Dali, seguimos por mais 40 minutos em uma estrada de terra.
Depois de já ter rodado por muitos lugares do mundo, é difícil eu me surpreender com alguma novidade. Mas o Sorris Sorris me conquistou pelo serviço, design, conceito e pelo visual espetacular. Sua vista panorâmica para a Brandberg Mountain, a montanha mais alta do país, com 2.606 metros, é o destaque.

Em todos os lodges e camps que citarei neste post, os passeios, guias e refeições estão incluídos na diária. Não existe onde gastar dinheiro. Portanto, não há motivo para carregar moeda local. Gorjetas, claro, são bem-vindas. Ao final de cada estada, eu deixava uma gratificação em dólares para ser dividida entre os funcionários que me atenderam.
A REGIÃO DE SOSSUSVLEI
Saindo do Sorris Sorris, voei para a região de Sossusvlei e me hospedei na reserva privada de Kulala. Lá, existem duas opções de hospedagem: o Kulala Camp (voltado para famílias) e o Little Kulala (mais sofisticado e voltado para casais). Ambos pertencem à Wilderness Safaris, uma das melhores companhias de lodges e camps da África.
A região é lindíssima e repleta de paisagens dramáticas. A reserva de Kulala tem um acesso especial ao Namib-Naukluft National Park, uma área de preservação ambiental maior que a Suíça.
Ali, tive o verdadeiro contato com o Deserto do Namibe, que, além de ser o mais antigo do mundo, deu origem ao nome do país.
As dunas de tons alaranjados do parque foram formadas há milhões de anos e estão solidificadas. Por isso, não saem do lugar. Mas, apesar de fixas, elas são cobertas por areia fofa, que o vento traz do Deserto do Kalahari.
A mais alta de todas é a Big Daddy. Tem 325 metros de altura. Ela fica bem ao lado do Deadvlei, uma bacia de argila branca, onde acácias mortas vêm torrando ao sol há mais de 800 anos. Os troncos mantêm-se intactos graças à ausência de bactérias no lugar.

Trata-se de uma paisagem lunar, que já serviu de cenário para filmes como 2001 — Uma Odisseia no Espaço. Ali perto, existem, ainda, outros programas imperdíveis, como o Sesriem Canyon e um passeio de mountain bike pelo deserto.
A REGIÃO DE DAMARALAND
Saindo de Sossusvlei, voltei para o noroeste do país, para a região de Damaraland, que fica próxima ao primeiro lodge em que estive, o Sorris Sorris.
No meio do caminho, o avião fez uma parada para abastecer no aeroporto de Swakopmund, onde dei a sorte de ver um lindo DC-3 de uma companhia sul-africana de voos charter. A escala valeu pelos minutos que pude ficar namorando o avião na pista.

O ideal mesmo teria sido fazer um roteiro respeitando a proximidade dos lugares, mas, infelizmente, reservei tudo de última hora e não consegui me hospedar nos lodges nas datas que eu gostaria. Eles têm poucas acomodações e estão sempre lotados! Portanto, sugiro que organize sua viagem com bem mais antecedência que eu.
O Damaraland Camp também pertence à Wilderness Safaris. O lugar pode ser explorado a pé, sempre com guia, ou de carro 4×4.
As formações montanhosas da região são semelhantes à Table Mountain, na Cidade do Cabo, África do Sul.
Por ali, você encontra manadas de elefantes adaptadas ao deserto. Os animais chegam a caminhar 70 km por dia em busca de água.

À noite, o camp organiza o tradicional boma, jantar africano em torno da fogueira, além de atividades mais inusitadas, como procurar escorpiões. Confesso que me esquivei dessa.

A REGIÃO DA SKELETON COAST
Meu destino seguinte foi o Hoanib, um camp e tanto para quem quer visitar a região da Skeleton Coast em grande estilo.
As tendas são lindas. Decoração africana com um quê de design italiano. Ele vive cheio e, mesmo tendo implorado para estender minha reserva, o máximo que consegui ficar foi uma noite.
Ficando três noites, eles oferecem um passeio de carro pelo deserto até a costa, retornando no fim do dia em um avião da Wilderness Safaris.

Como meu tempo foi curto, pude fazer apenas os passeios em torno do lodge, que são lindos. Foi o lugar que mais avistei girafas em toda a Namíbia.
A REGIÃO DO ETOSHA NATIONAL PARK
A parada seguinte foi o Etosha National Park, que equivale, a grosso modo, ao Kruger Park da África do Sul. Fiquei hospedado no Onguma The Fort, um lodge dentro de uma reserva privada, que faz fronteira com o parque nacional.
Nesta região, vivem os mais diversos animais selvagens, que simbolizam o que temos em mente quando falamos de turismo na Namíbia: o rinoceronte negro, leões, leopardos, hienas, elefantes e muitos outros que pude admirar de perto.

A DESPEDIDA EM WINDHOEK
No fim da viagem, deixei uma noite reservada para ver um pouco da pequena e organizada Windhoek. Não há, de fato, grandes atrativos turísticos na cidade.
Mas se você for curioso como eu e quiser conferir, sugiro se hospedar no The Olive Exclusive, um boutique hotel bastante charmoso. Para jantar, recomendo o Stellenbosch Wine Bar and Bistro.

E aí, ficou animado a fazer turismo na Namíbia? Quer ir com o Carioca NoMundo para lá? É só falar comigo!
1 Comentário para "Turismo na Namíbia? Confira minhas dicas!"
Olá, boa tarde!
Gostei muito do seu relato sobre sua viagem à Namíbia!
Gostaria de saber se você considera seguro viajar sozinho para lá e como fez o passeio para o Deserto de Sossusvlei, existe alguma guia turístico de alguma agência?
E o Fish River Canyon.
Abraço,
Renata